Fala-se muito em inclusão, e, apesar desse termo estar em moda o professor não recebe a capacitação adequada para avaliar esses alunos diferentes de maneira justa e adequada.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Fala-se muito em inclusão, e, apesar desse termo estar em moda o professor não recebe a capacitação adequada para avaliar esses alunos diferentes de maneira justa e adequada.
Cada pessoa aprende da sua maneira, do seu jeito e nós professores devemos respeitar cada jeito de ser. A educação é um processo que se dá no mundo de convivência e ao mesmo tempo no interior do indivíduo. Nós professores devemos propiciar um clima harmonioso de trabalho, valorizando a construção de vínculos afetivos e o respeito à individualidade, fazendo com que o aluno tenha confiança em suas capacidades cognitiva, afetiva, ética e social para agir com perseverança na busca do conhecimento e no exercício da cidadania.
Uma das experiências que posso identificar, na escola onde trabalho que marca uma organização e uma gestão democrática, em busca de uma educação de qualidade é o sistema de avaliação, que não tem finalidade classificatória, não é tomada como medida. A avaliação leva em conta o conhecimento como uma construção sócio-interativa, valorizando o processo de aprendizagem de cada aluno, respeitando suas limitações e seu contexto de vida. Aconteceu comigo ano passado, quando recebi um aluno da colega da mesma escola, onde o aluno não estava conseguindo se socializar com os demais colegas estava apresentando dificuldade na alfabetização. Em reunião com coordenação e equipe diretiva junto com a mãe, foi decidido que este aluno passaria a freqüentar minha sala. A adaptação dele foi boa, estimulei muito a auto-estima dele que estava baixa e no final do ano ele estava quase alfabetizado. Então fizemos uma reunião com a mãe do aluno, a Professora dele(eu) e a coordenadora da escola, onde foi falado pra mãe as condições do aluno, nossas angustias de passar ele para o 3ºano, mas ao mesmo tempo seria uma decepção para ele ser reprovado depois da grande conquista em aprender a ler e escrever, ainda com uma certa dificuldade. Foi avaliado todo o crescimento deste aluno, suas dificuldades e principalmente suas conquistas e foi decidido aprová-lo. A mãe ficou ciente das dificuldades que poderão enfrentar no próximo ano, mas assumiu o compromisso de ajudá-lo. Isso é uma avaliação justa e coerente, este aluno está freqüentando o terceiro ano, feliz e conseguindo acompanhar o rendimento da turma.
Conforme o PPP da minha escola: “A avaliação é um processo amplo, gradual e de diagnóstico. Ter em vista o desenvolvimento harmônico do educando quanto aos conhecimentos, competências e habilidades adquiridas”.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( LDB ), (Art. 12 e 13), estabeleceu como responsabilidade da escola e de seus professores a construção do Projeto Político Pedagógico (PPP). Para ser uma organização eficaz no comprometimento de propósitos estabelecidos em conjunto por professores, coordenadores e diretores garantindo a formação coerente de seus alunos ao longo da escolaridade obrigatória, é necessário que cada escola construa seu PPP de acordo com a realidade de seus alunos e da sua comunidade escolar. Cada PPP tem seu contexto histórico, possui sua identidade própria. Um Projeto Pedagógico precisa apresentar as finalidades da escola, sua estrutura organizacional, o currículo definido, os tempos e espaços onde ocorrerão as relações de ensino- aprendizagem, o processo de decisão e as relações de trabalho, além das formas previstas para a avaliação da aprendizagem, da escola e do próprio projeto. Conforme o PPP da minha escola: “A função principal da escola que atende ao Ensino Fundamental é possibilitar o desenvolvimento de habilidades e competências, preparando o educando para o exercício consciente da cidadania, dando-lhe condições de ingresso, permanência e sucesso, desenvolvendo suas potencialidades como agente transformador do seu meio”.
O plano de estudos deve estar presente na sala de aula e ser um norte para o trabalho do professor para que com isso seu trabalho tenha uma continuidade e coerência. Ele deve ser flexível dando abertura para o momento do aluno e suas dúvidas.
Em ambas as escolas onde trabalho temos reuniões onde podemos trocar nossas experiências e comentar o que é possível fazer ou não, e também nestas reuniões fazemos os projetos que serão aplicados nas respectivas séries sobre os temas obrigatórios a serem trabalhados.
A democracia se dá através da participação, isto é, quando todos os segmentos caminharem juntos na luta por uma escola igualitária para todos. Só aprendemos a participar, participando. A gestão democrática é um processo de construção que implica em mudanças culturais, pois ainda carregamos uma cultura autoritária. Implantá-la é um caminho longo, que está no início e requer diálogo e participação coletiva de todos os envolvidos, a sociedade como um todo, na luta por uma educação de qualidade. Falar de democracia é fácil, mas implantá-la é complicado, pois vejo na minha escola a equipe fazendo o possível para ter uma escola democrática, mas ainda tem colegas que estão insatisfeitas, nunca está bom o bastante isto acaba desanimando a direção.
Como diz Maria Beatriz Gomes da Silva: “Muitas vezes, a possibilidade da utilização de temas que transversalizam o currículo escolar, passando por dentro de todos os conteúdos é vista como um problema para alguns professores. Isso ocorre porque costumam interpretar como uma incumbência a mais de planejamento. No entanto, como muitos outros, entendemos a transversalidade como uma oportunidade para a problematização dos problemas sociais, mas, também, para a adoção de metodologias de trabalho escolar que promovam a interdisciplinaridade, superando as barreiras impostas pelo excessivo recorte curricular observado em algumas instituições”. Noto na minha escola muitos professores trabalhando com tema transversais e percebo um grande interesse dos alunos, será que não é esta a solução para a falta de interesse por parte dos alunos??