segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Tenho um desafio quase diário, alfabetizar um aluno de 9 anos que perdeu a visão do olho direito e está gradativamente perdendo do olho esquerdo. Ele está na minha sala desde setembro, já tivemos progressos relevantes. Além dele tenho mais 2 alunos D.V. que já estão alfabetizados em Braille. Trabalho diariamente com meus alunos, o respeito, a colaboração, a aceitação das diferenças e das limitações de cada um.
Fala-se muito em inclusão, e, apesar desse termo estar em moda o professor não recebe a capacitação adequada para avaliar esses alunos diferentes de maneira justa e adequada.
Segundo Piaget, “o sujeito é ativo na sua essência, e sua inteligência se constrói nas relações com o objeto do meio físico e social”.
Cada pessoa aprende da sua maneira, do seu jeito e nós professores devemos respeitar cada jeito de ser. A educação é um processo que se dá no mundo de convivência e ao mesmo tempo no interior do indivíduo. Nós professores devemos propiciar um clima harmonioso de trabalho, valorizando a construção de vínculos afetivos e o respeito à individualidade, fazendo com que o aluno tenha confiança em suas capacidades cognitiva, afetiva, ética e social para agir com perseverança na busca do conhecimento e no exercício da cidadania.
Realizando a leitura sobre política educacional, percebi a importância da nossa participação como atores políticos responsáveis nesse processo de transformação. Pena que muitas vezes ficamos de braços cruzados, esperando que alguém faça alguma melhoria por nós.
Como diz no texto: ORGANIZAÇÃO CURRICULAR DA ESCOLA E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM, de Maria Beatriz Gomes da Silva: “o currículo é o coração da escola. É por dentro dele que pulsam e se mostram as mais diversas potencialidades. É por dentro dele que desejos podem ser tolhidos ou encorajados”.
Uma das experiências que posso identificar, na escola onde trabalho que marca uma organização e uma gestão democrática, em busca de uma educação de qualidade é o sistema de avaliação, que não tem finalidade classificatória, não é tomada como medida. A avaliação leva em conta o conhecimento como uma construção sócio-interativa, valorizando o processo de aprendizagem de cada aluno, respeitando suas limitações e seu contexto de vida. Aconteceu comigo ano passado, quando recebi um aluno da colega da mesma escola, onde o aluno não estava conseguindo se socializar com os demais colegas estava apresentando dificuldade na alfabetização. Em reunião com coordenação e equipe diretiva junto com a mãe, foi decidido que este aluno passaria a freqüentar minha sala. A adaptação dele foi boa, estimulei muito a auto-estima dele que estava baixa e no final do ano ele estava quase alfabetizado. Então fizemos uma reunião com a mãe do aluno, a Professora dele(eu) e a coordenadora da escola, onde foi falado pra mãe as condições do aluno, nossas angustias de passar ele para o 3ºano, mas ao mesmo tempo seria uma decepção para ele ser reprovado depois da grande conquista em aprender a ler e escrever, ainda com uma certa dificuldade. Foi avaliado todo o crescimento deste aluno, suas dificuldades e principalmente suas conquistas e foi decidido aprová-lo. A mãe ficou ciente das dificuldades que poderão enfrentar no próximo ano, mas assumiu o compromisso de ajudá-lo. Isso é uma avaliação justa e coerente, este aluno está freqüentando o terceiro ano, feliz e conseguindo acompanhar o rendimento da turma.
Conforme o PPP da minha escola: “A avaliação é um processo amplo, gradual e de diagnóstico. Ter em vista o desenvolvimento harmônico do educando quanto aos conhecimentos, competências e habilidades adquiridas”.
A escola é fundamental, para o aprendizado, é à base da nossa vida, tanto profissional como social. Todo o brasileiro tem direito a uma educação de qualidade e este é um dos objetivos da escola onde eu trabalho.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( LDB ), (Art. 12 e 13), estabeleceu como responsabilidade da escola e de seus professores a construção do Projeto Político Pedagógico (PPP). Para ser uma organização eficaz no comprometimento de propósitos estabelecidos em conjunto por professores, coordenadores e diretores garantindo a formação coerente de seus alunos ao longo da escolaridade obrigatória, é necessário que cada escola construa seu PPP de acordo com a realidade de seus alunos e da sua comunidade escolar. Cada PPP tem seu contexto histórico, possui sua identidade própria. Um Projeto Pedagógico precisa apresentar as finalidades da escola, sua estrutura organizacional, o currículo definido, os tempos e espaços onde ocorrerão as relações de ensino- aprendizagem, o processo de decisão e as relações de trabalho, além das formas previstas para a avaliação da aprendizagem, da escola e do próprio projeto. Conforme o PPP da minha escola: “A função principal da escola que atende ao Ensino Fundamental é possibilitar o desenvolvimento de habilidades e competências, preparando o educando para o exercício consciente da cidadania, dando-lhe condições de ingresso, permanência e sucesso, desenvolvendo suas potencialidades como agente transformador do seu meio”.
Segundo Piaget, o sujeito é ativo na sua essência, e sua inteligência se constrói nas relações com o objeto do meio físico e social. Sendo assim, as estruturas da inteligência constroem-se dependendo das necessidades e das situações encontradas no meio, ele está inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais, traz consigo sua história, provavelmente complexa, cheias de experiências, conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo, sobre si mesmo e sobre as outras pessoas, aprende com os próprios erros, apercebe-se daquilo que não sabe. O estágio de desenvolvimento cognitivo deste indivíduo é individual. Cada pessoa aprende da sua maneira, do seu jeito e nós professores devemos respeitar cada jeito de ser. A educação é um processo que se dá no mundo de convivência e ao mesmo tempo no interior do indivíduo.
Realmente é na sala de aula que as diretrizes curriculares são aplicadas, bem como as decisões tomadas pelo Conselho Escolar e o PPP da escola. Cabe a nós professores o cumprimento ou não destas decisões. É importantíssimo trabalhar de acordo com o que foi acordado no início de cada ano letivo, onde são estabelecidos os projetos que serão trabalhados durante o ano letivo, sempre em conformidade com o PPP, e de acordo com a realidade da escola.
O plano de estudos deve estar presente na sala de aula e ser um norte para o trabalho do professor para que com isso seu trabalho tenha uma continuidade e coerência. Ele deve ser flexível dando abertura para o momento do aluno e suas dúvidas.
Em ambas as escolas onde trabalho temos reuniões onde podemos trocar nossas experiências e comentar o que é possível fazer ou não, e também nestas reuniões fazemos os projetos que serão aplicados nas respectivas séries sobre os temas obrigatórios a serem trabalhados.

A democracia se dá através da participação, isto é, quando todos os segmentos caminharem juntos na luta por uma escola igualitária para todos. Só aprendemos a participar, participando. A gestão democrática é um processo de construção que implica em mudanças culturais, pois ainda carregamos uma cultura autoritária. Implantá-la é um caminho longo, que está no início e requer diálogo e participação coletiva de todos os envolvidos, a sociedade como um todo, na luta por uma educação de qualidade. Falar de democracia é fácil, mas implantá-la é complicado, pois vejo na minha escola a equipe fazendo o possível para ter uma escola democrática, mas ainda tem colegas que estão insatisfeitas, nunca está bom o bastante isto acaba desanimando a direção.

Como diz Maria Beatriz Gomes da Silva: Muitas vezes, a possibilidade da utilização de temas que transversalizam o currículo escolar, passando por dentro de todos os conteúdos é vista como um problema para alguns professores. Isso ocorre porque costumam interpretar como uma incumbência a mais de planejamento. No entanto, como muitos outros, entendemos a transversalidade como uma oportunidade para a problematização dos problemas sociais, mas, também, para a adoção de metodologias de trabalho escolar que promovam a interdisciplinaridade, superando as barreiras impostas pelo excessivo recorte curricular observado em algumas instituições”. Noto na minha escola muitos professores trabalhando com tema transversais e percebo um grande interesse dos alunos, será que não é esta a solução para a falta de interesse por parte dos alunos??